Fumante, Olavo propagava a ideia anticientífica de que o cigarro faz bem para a saúde e dizia que o tabaco não tinha ligação com o câncer de pulmão ou doenças cardíacas. Olavo já teve um tumor na traqueia, que o obrigou a se submeter a uma cirurgia delicada.
“Cigarro não faz mal, isto tudo é uma empulhação da Indústria Farmacêutica que vendem remédios que matam a população. Cigarro faz bem para a atividade cerebral e diminui o colesterol, quantas pessoas com Alzheimer fumantes você já viu?”.
Opositor do politicamente correto, em 2013 Olavo publicou o livro “O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota”, considerado um dos manuais da direita brasileira. Outros livros de sua autoria são “O Jardim das Aflições” (1995) e “O Imbecil Coletivo” (1996). Seus livros e artigos divulgam teorias conspiratórias e informações incorretas, além de discursos de ódio.
Entre essas teorias, estão a de que a Terra é plana, a negação do aquecimento global e defesa de que a Pepsi é adocicada com células de fetos abortados.
De astrólogo a representante do conservadorismo
Na juventude, Carvalho diz ter sido militante do Partido Comunista Brasileiro, entre os anos de 1966 e 1968, e opositor da ditadura militar brasileira, tornando-se anticomunista posteriormente.
Trabalhou como jornalista em veículos como Folha de S.Paulo, Planeta, Bravo!, Primeira Leitura, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Globo, Época, Zero Hora e Diário do Comércio. Como astrólogo, colaborou no primeiro curso de extensão universitária em astrologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 1979, oferecido a formandos em psicologia.
Crítico do que chamava de pensamento hegemônico de esquerda na imprensa e na academia, Olavo se tornou um expoente da direita brasileira. Em 2020, ele fundou o site Mídia sem Máscara (MSM), com o objetivo de combater o “viés esquerdista da grande mídia brasileira”.
Dos Estados Unidos, Olavo ministrava cursos de Filosofia, transmitidos por vídeos na internet. Em seu canal no YouTube e em seu perfil no Facebook, ele é conhecido por usar palavras de baixo calão e propagar críticas a diversos políticos e figuras públicas. Um dos pontos rechaçados por ele é o que considera o abandono de valores judaico-cristãos pela sociedade.
Apesar da grande repercussão em redes sociais, Olavo não goza de boa reputação na academia, onde suas obras são ignoradas pelos pares.
Relação com governo Bolsonaro
Olavo era tido como uma figura caricata do conservadorismo brasileiro. Após a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) para presidente, porém, ele se revelou um consultor e espécie de guru intelectual de assessores próximos a Bolsonaro.
Em entrevista ao jornalista Pedro Bial em 2019, no programa Conversa com Bial, da TV Globo, Olavo defendeu que o presidente da República desse um ministério para um cada um de seus filhos que seguem carreira política: o senador Flávio (Patriota-RJ), o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos).
“Tomara que ponha os três de ministros. São pessoas muito sinceras, muito honestas”, defendeu.
Os filhos do presidente, que se referem a ele como “professor Olavo”, são justamente discípulos do escritor. A lista de seguidores incluiu ainda figuras já rompidas com Bolsonaro, como o blogueiro de direita Felipe Moura Brasil e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP).
Em uma de suas primeiras entrevistas após eleito, Jair Bolsonaro apresentou “O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota”, de Olavo de Carvalho, como um dos seus livros de cabeceira. A obra estava acompanhada da Bíblia, da Constituição Federal e do livro “Memórias da Segunda Guerra”, de Winston Churchill.
Tido como o padrinho das nomeações de Ernesto Araújo para comandar o Ministério de Relações Exteriores e de Ricardo Vélez Rodríguez para o Ministério da Educação (MEC), o filósofo assistiu recentemente a uma queda na sua influência no governo. Além da saída de Vélez e Araújo, os irmãos Arthur e Abraham Weintraub também deixaram o governo após acumular uma série de polêmicas.
As saídas dos ministros são acompanhadas por outras em segundo escalão e vistas como um enfraquecimento da ala ideológica no governo. Desde que Bolsonaro passou a buscar uma base no Congresso para lhe garantir governabilidade com vistas à reeleição em 2022, Olavo passou a criticar a aproximação com partidos do Centrão.
Apesar de menos influente, o olavismo ainda tem sua fatia no governo. Seu maior representante hoje é Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente da República. Acusado de fazer um gesto racista em uma sessão do Senado Federal, Martins conseguiu se segurar no cargo apesar da queda de Ernesto Araújo.
Em 2017, foi lançado um filme abordando a vida doméstica, biografia e visão de mundo de Olavo de Carvalho. A obra foi dirigida pelo cineasta pernambucano Josias Teófilo e rodada na residência dele em Colonial Heights.
O longa-metragem leva o nome de um dos livros publicados por Olavo, “O Jardim das Aflições”. O filme foi inteiramente realizado com recursos captados através de financiamento coletivo.
Processado por Caetano Veloso
Em 2017, o escritor bolsonarista publicou seguidos posts nas redes sociais classificando o cantor Caetano Veloso como “pedófilo”. Em ação movida pelo artista, Olavo foi condenado a pagar indenização de R$ 2,9 milhões por danos morais.
Em maio de 2021, o desembargador José Giordani, da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), negou um novo recurso de Olavo. Apesar da decisão do TJRJ, Olavo ainda podia entrar na Justiça com embargos de declaração para tentar um novo recurso.
Fonte:Metrópoles/reprodução 25/01/2022
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