terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Ucrânia: Após visita de Bolsonaro a Putin, Brasil evita críticas na ONU

                                             air Bolsonaro e Vladimir Putin no Kremlin.Créditos: Oficial Kremlin/PR
                                                   

Em reunião de emergência do Conselho de Segurança, embaixador brasileiro pediu "diálogo" e a retirada das tropas russas das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk -  foto oficial: Kremlin

O embaixador Ronaldo Costa Filho, que chefia a missão do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) não citou o nome do presidente russo Vladimir Putin ao pedir "diálogo" entre as nações em reunião de emergência do Conselho de Segurança na noite desta segunda-feira (21) após a Rússia reconhecer e enviar tropas para as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia.

"Renovamos nosso apelo para que todas as partes envolvidas mantenham o diálogo. Um inescapável primeiro objetivo é um cessar-fogo imediato, com uma desmobilização das tropas e equipamentos militares em solo. Essa desmobilização militar será um passo importante para construir confiança entre as partes, fortalecer a diplomacia e buscar uma solução sustentável para a crise", disse Costa Filho sem citar o presidente russo.

Na quarta-feira (16), Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com Putin no Kremlin e chamou o líder da antiga nação comunista de "amigo".

"Existe muito interesse de nossa parte ao comércio de fertilizantes, no que sou grato ao prezado amigo", disse na ocasião.

Após o encontro, Bolsonaro ainda fez uma aceno aos apoiadores radicais, que propagavam uma séria de fake news de que o presidente brasileiro estaria negociando a paz e evitando a "terceira guerra mundial", sobre a crise entre Rússia e EUA em torno da Ucrânia.

"A leitura que eu tenho do presidente Putin é que ele é uma pessoa que também busca a paz... E qualquer conflito me interessa... Não interessa pra ninguém no mundo... Mantivemos nossa agenda, por coincidência ou não, paz nas tropas... Deixaram a fronteira... E pelo que tudo indica, a grande sinalização... O caminho para solução pacífica se apresenta no momento para Rússia e Ucrânia”, disse.

Entrada em território ucraniano

No entanto, mais uma propalada mentira de Bolsonaro foi derrubada pelos fatos. Nesta segunda, após uma série de bombardeios atingir as regiões separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia, e a capital Kiev, Putin anunciou o reconhecimento da independência dessas regiões, localizadas na bacia de Donbass.

A decisão de Putin foi tomada após reunião do Conselho de Segurança russo, na qual também participaram o chanceler Sergei Lavrov, o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin e outros oficiais do governo. O Parlamento russo pediu o reconhecimento da independência da República Popular de Donetsk (RPD) e da República Popular de Lugansk (RPL).

“A Ucrânia moderna foi inteiramente criada pela Rússia. Esse processo começou após a revolução de 1917”, disse o presidente, fazendo um recorrido histórico da geografia da região desde a União Soviética. Putin criticou a proposta de "descomunização" promovida pela Ucrânia e disse que essa iniciativa contraria a própria formação territorial.

“A Ucrânia de hoje pode ser chamada com razão de “Ucrânia com o nome de Vladimir Ilyich Lenin”, ele é seu autor e arquiteto”, disse o presidente. “Estamos prontos para mostrar à Ucrânia o que é a verdadeira descomunização”, acrescentou.

"Acho necessário tomar uma decisão que deveria ter sido tomada há muito tempo para reconhecer imediatamente as Repúblicas Populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL)", anunciou Putin.

O presidente russo já assinou o termo de reconhecimento e enviou tropas às regiões, o que provocou a reunião de emergência na ONU.

Fonte: Revista Fórum - 22/02/2022 07h:18

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