O ex-ministro da Justiça Sergio Moro a chegar a um hotel em Brasilia.ADRIANO MACHADO / REUTERS
A Universidade de Buenos Aires (UBA) fechou as portas para Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. O magistrado estrela da Lava Jato participaria no dia 10 de junho de uma palestra virtual da Faculdade de Direito intitulada Combate à Corrupção, Democracia e Estado de Direito. No entanto, a UBA recuou e Moro revelou que a conferência havia sido cancelada “por pressão político-partidária”.
Moro trocou os tribunais pela política ao lado de Jair Bolsonaro, mas há um mês renunciou ao posto de ministro depois de ter feito graves acusações contra o presidente de extrema direita e de ter denunciado “interferências políticas” em suas tarefas
O anúncio da participação de Moro na UBA foi criticado por setores do kirchnerismo e da esquerda, que o acusam de parcialidade pelo fato de ter feito parte do Governo Bolsonaro, que se beneficiou eleitoralmente da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Repúdio absoluto ao miserável Sergio Moro e à atividade organizada pelo @DerechoUBA”, escreveu no Twitter o deputado situacionista Rodolfo Tailhade. A ex-embaixadora argentina na Grã-Bretanha, Alicia Castro, definiu Moro como “um emblema da corrupção e da manipulação da Justiça com fins partidários” e o acusou de ter provocado “sem provas o julgamento e o sequestro eleitoral” de Lula.
Uma das integrantes do conselho consultivo da Faculdade de Direito, a advogada Natalia Volosín, apresentou sua renúncia como forma de repúdio à presença de Moro. “Para nós, que estamos comprometidos com a luta contra a corrupção, Moro foi nefasto”, escreveu Volosín em sua carta de renúncia.
Depois que a UBA cancelou o evento sem dar explicações, Moro expressou seu desconforto em uma declaração divulgada pelo jornal La Nación. “Fui convidado pela Universidade de Buenos Aires para falar sobre o Estado de Direito e a luta contra a corrupção e fui informado de que a palestra havia sido cancelada por pressão político-partidária. Não corresponde a mim avaliar os motivos”, afirmou o ex-juiz. “Recebi convites semelhantes de universidades do Brasil e do exterior e nunca tive este tipo de problema”, concluiu.
A suspensão da atividade reavivou as críticas, agora da oposição, que acusou a principal universidade pública argentina de censura. “VERGONHA. E a liberdade de cátedra? E o debate de ideias? Se onde as ideias devem se multiplicar e crescer se cai na censura, a liberdade de toda a sociedade é afetada. Parece que a autonomia de que se orgulha o presidente @alferdez não é respeitada por toda a sua coalizão”, tuitou o ex-ministro da Educação de Maurico Macri, Esteban Bullrich.
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