sexta-feira, 29 de maio de 2020

EUA: Em protesto, repórter negro da CNN é detido, repórter branco não em Minneapolis


Dois repórteres da emissora americana CNN estão em Minneapolis para cobrir os protestos
contra a morte de George Floyd, homem negro que teve o pescoço prensado contra o chão
 pelo joelho de um policial branco. Um deles é Josh Campbell, branco. O outro é Omar Jimenez
 negro, de ascendência latina. Apenas um dos dois foi detido e algemado pela polícia na
 manhã desta sexta-feira (29) enquanto transmitia atualizações sobre os protestos.

Além de Jimenez, um produtor e um cinegrafista de sua equipe de reportagem também foram
presos, sem que a polícia estadual oferecesse qualquer explicação. A câmera seguiu gravando,
e a cena inteira foi exibida ao vivo durante um telejornal matinal.A equipe de Jimenez estava
 próxima à delegacia onde os policiais envolvidos na morte de Floyd trabalhavam antes de
 serem demitidos.

Na noite de quinta (28), o prédio foi incendiado por manifestantes. Não houve feridos.O
 jornalista estava a alguns metros de uma fileira com dezenas de agentes da tropa de choque,
 equipados com escudos, capacetes e cassetetes. Alguns deles correram para conter uma
 manifestante a poucos passos dos jornalistas e, em seguida, aproximaram-se para exigir a saída
dos profissionais de mídia. "Nós podemos voltar para onde vocês gostariam. Estamos ao
vivo neste momento. Somos uma equipe. É só nos colocarem onde vocês querem. Estamos
saindo do caminho de vocês. Nós vamos para onde vocês quiserem", disse Jimenez aos
agentes.O repórter ainda tentou retomar a transmissão, descrevendo a ação policial,
sem oferecer nenhum tipo de resistência, mas foi interrompido por outro agente, que
 anunciou a prisão.

"Você se importaria de me dizer por que estou sendo preso? Por que eu estou sendo preso?"
, questionou Jimenez, enquanto era algemado em frente à câmera. Não houve resposta
dos policiais. Instantes depois, o produtor e o cinegrafista também foram detidos e conduzidos
 a outro local. A emissora exigiu, mais tarde, a libertação imediata dos profissionais.

"Um repórter da CNN e sua equipe de produção foram presos nesta manhã em Minneapolis
 por fazerem seu trabalho, apesar de se identificarem -uma clara violação dos direitos da
 Primeira Emenda", escreveu a emissora no Twitter." "As autoridades de Minnesota,
 incluindo o governador, devem libertar os três funcionários da CNN imediatamente."

De acordo com a CNN, o governador do estado de Minnesota, Tim Walz, conversou
com o presidente do canal e "se desculpou profundamente" pelas prisões, que descreveu
como "inaceitáveis". Walz disse ainda que a equipe de reportagem tinha todo o direito de
 estar lá e que deseja que a mídia continue em Minnesota para cobrir os protestos.
Os jornalistas foram soltos minutos depois. Jimenez disse que teve "um pouco de conforto"
 em saber que tudo o que aconteceu estava sendo transmitido em tempo real.

"Enquanto estávamos nos afastando e vocês estavam vendo todo o bairro dizimado
pela paixão dos manifestantes e, infelizmente, alguns tumultos e saques, passou pela
minha cabeça: o que realmente está acontecendo aqui?"Não muito longe do local
onde o repórter e sua equipe foram presos, Campbell, o repórter branco, relatou uma
 experiência completamente diferente com a polícia.

"Estou sentado aqui conversando com a Guarda Nacional, conversando com a polícia. Eles
 estão pedindo educadamente que eu saia de um lugar para o outro. Algumas vezes
eu me aproximei mais do que gostariam. Eles pediram educadamente para eu voltar.
Não usaram as algemas. Muito diferente do que Omar vivenciou.

"Em uma publicação no Twitter, a polícia estadual de Minnesota disse que as prisões ocorreram
 com o objetivo de "limpar as ruas e restaurar a ordem". Sobre a equipe de Jimenez,
afirmou que "os três foram libertados quando foram confirmados como membros da mídia".

Fonte: Notícias ao Minuto 29/05/2020

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