BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 29, que o governo federal fez "tudo que é possível ser feito" para conter a crise causada pela pandemia do coronavírus e que não pode ser responsabilizado pelas mais de 5 mil mortes no País. "Não vão botar no meu colo uma conta que não é minha", afirmou ao presidente ao deixar o Palácio da Alvorada. Segundo o presidente, governadores e prefeitos que adotaram medidas de isolamento social é que devem ser cobrados.
"A imprensa tem que perguntar para o (João) Doria por que mais pessoas estão
perdendo a vida em São Paulo", disse Bolsonaro, destacando que o governo federal
fez sua parte ao liberar recursos para a Saúde e destinar um benefício de R$ 600 a trabalhadores informais. "Não adianta a imprensa querer colocar na minha conta
essas questões que não cabe a mim", disse. "O Supremo (Tribunal Federal) decidiu
que quem decide essas questões (sobre restrição) são governadores e prefeitos."
As medidas de isolamento social para conter a pandemia de coronavírus e evitar a sobrecarga do serviço de saúde são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e foram adotadas em diversos países.
Rodeado por parlamentares do PSL, com que se reuniu mais cedo, o presidente acusou a imprensa de "mentir" ao dar destaque a uma declaração dele na véspera, quando respondeu com um "e daí?" ao ser questionado sobre o número de mortes pela covid-19 no País. Ontem o Brasil ultrapassou a quantidade registrada na China, onde a doença surgiu.
"E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", respondeu o presidente ao ser questionado na noite de ontem sobre os números. Após questionar e ser informado que as TVs estavam gravando a declaração, Bolsonaro lamentou as mortes e disse que se solidarizava com as pessoas que perderam familiares por conta da doença.“É a vida. Amanhã vou eu”, completou.
Hoje, ele afirmou que a frase foi tirada do contexto. "Você mentiu", disse a um jornalista que o questionou se ele negava o que disse ontem. "Lamento as mortes profundamente. Sabia que iam acontecer. Mas eu desde o começo me preocupei com vida e emprego, porque desemprego também mata. Então, essa conta, tem que ser perguntada para os governadores", afirmou Bolsonaro.
O presidente ainda disse que foi "achincalhado" nas vezes que citou a preocupação com a economia, mas que a "segundo onda" do desemprego provocará uma "recessão gravíssima".
"O que estou fazendo é sugerir ao Ministério da Saúde medidas para a gente voltar rapidamente, tá? Com responsabilidade, (voltar) a uma normalidade. Como disse um parlamentar aqui, os países que adotaram o isolamento horizontal foi onde mais faleceram gente", disse.
fonte:Estadão 29/04/2020 -12h:43min.
0 comentários:
Postar um comentário